Já alguma vez lhe aconteceu estar a conversar com um colega de trabalho e, de repente, sentiu que estava a falar demais? Talvez tenha tentado partilhar uma anedota que o identificasse e, a meio, percebeu que não era assim tão identificável. Ou talvez tenha revelado um hábito que deveria ter permanecido pessoal.
Se já deu por si a partilhar demasiada informação no trabalho, não é o único. As relações de trabalho são uma parte importante das nossas vidas, pelo que faz sentido que os funcionários queiram estabelecer ligações com os seus colegas. Mas é importante distinguir entre ser transparente com os seus sentimentos e deixar os outros desconfortáveis com a conversa.
Isolamento, bem-estar mental e partilha excessiva
A pandemia levou muitos profissionais a apreciar plenamente o impacto do isolamento no seu bem-estar mental. Muitos sentiram-se mais abertos a discutir o esgotamento, a solidão e os desafios do equilíbrio entre a vida profissional e pessoal, sabendo que os seus colegas de trabalho estavam na mesma situação.
Estes sentimentos, potenciados pelo confinamento – e, pelo stress do trabalho na linha da frente – normalizaram as conversas sobre a saúde mental. Setenta e um por cento dos trabalhadores acreditam que o seu patrão está mais preocupado com a saúde mental destes, do que no passado.
Paradoxalmente, o trabalho à distância é um dos benefícios mais significativos do bem-estar mental e uma das causas mais consideráveis de stress. Os colaboradores valorizam a flexibilidade do trabalho híbrido, mas sentem-se mais isolados dos colegas. Setenta por cento dos trabalhadores em regime remoto sentem que não conseguem socializar o suficiente, o que pode levar à necessidade de compensar em excesso quando têm oportunidade.
Embora a saúde mental e outros tópicos sensíveis se tenham tornado mais comuns, as discussões no local de trabalho podem ser um problema.
Abrir-se no local de trabalho pode tem vantagens e desvantagens. Se conseguirmos atingir o ponto certo, as ideias que partilhamos podem ajudar as outras pessoas que se sintam na mesma situação a sentirem-se mais à vontade para partilhar os seus pensamentos. Isto pode ajudar na confiança e levar a uma compreensão mais profunda, e formar uma equipa forte e unida.
Por outro lado, partilhar demasiado com o grupo errado pode, na melhor das hipóteses, fazer com que os outros se sintam desconfortáveis. Na pior das hipóteses, partilhar demasiado pode fazer com que se sinta mais sozinhos. Isto é extremamente difícil para os trabalhadores à distância, que não têm a vantagem de interpretar a linguagem corporal através de correio eletrónico ou de conversas por chat.
É sempre importante considerar quem beneficia quando se partilha um pensamento. Está a focar-se na conversa (tal como fez o “Crying CEO” quando publicou uma foto a meio de um soluço), ou está a preparar o terreno para que os outros fiquem vulneráveis? Afinal de contas, o tempo que passa a falar de si próprio, retira-lhe a capacidade de ouvir os que o rodeiam.
Criar espaço para a compaixão e a ligação
A partilha excessiva resulta de um desejo de ligação, o que pode ser especialmente difícil para os trabalhadores em regime remoto ou híbrido, que não interagem regularmente com os colegas. Noventa por cento dos executivos acreditam que falta de cultura e ligação aos membros das suas equipas que estão em regime remoto.
Os responsáveis devem estabelecer o padrão para os seus empregados, dando aos trabalhadores presenciais e remotos o espaço para uma comunicação saudável. A partilha de emoções pode aproximar as equipas e a empatia dos gestores pode contribuir muito para evitar esgotamentos.
Clareza, transparência e um pouco de vulnerabilidade mostram a humanidade dos chefes e lançam as bases para que os colaboradores se expressem e criem confiança nas equipas. Basta olhar para Jacinda Arden, antiga primeira-ministra da Nova Zelândia, cujo estilo de liderança de força e empatia levou a uma das respostas mais bem recebidas à pandemia.
Pode ser um desafio para a direção manter-se na linha entre encorajar a comunicação e abrir as portas do excesso. Mas liderar com compaixão e apoiar o bem-estar mental dos funcionários são elementos importantes para criar um ambiente de trabalho saudável.
Gerir os excessos
Mesmo que não tenha partilhado demasiado nos últimos tempos, é provável que tenha um colega de trabalho da qual sabe demasiado. Enquanto gestor, a sua função é ajudar os colaboradores a sentirem-se seguros para partilharem informação pessoal, estabelecendo simultaneamente limites, de forma a minimizar a partilha excessiva.
A construção de uma cultura de comunicação aberta e respeitadora começa com soluções de colaboração unificadas e acessíveis. Proporcionar aos funcionários vários canais de comunicação mantém-nos em contacto com os colegas, criando relações de equipa fortes e reduzindo o sentimento de solidão.
Por exemplo, medir o tom de alguém através de uma mensagem de texto é complicado. Uma videochamada rápida pode esclarecer mal-entendidos e acalmar os ânimos. Pode ser útil enviar uma mensagem privada a uma pessoa que partilhe excesso de informação, de modo a lembrá-la que deve pensar antes de falar. Um simples aviso pode evitar que a pessoa se sinta envergonhada e deixe os outros desconfortáveis.
Por vezes, as pessoas retêm informações importantes porque não se sentem à vontade para se mostrarem vulneráveis. Os diretores devem dar o exemplo com a abertura emocional e proporcionar aos trabalhadores espaços seguros para discutir assuntos privados. Por vezes, isto pode significar incluir os RH na conversa.
Por último, a partilha excessiva é muitas vezes um sintoma de uma necessidade mais profunda. Fazer do bem-estar uma prioridade para a sua empresa e disponibilizar recursos como a vídeo-terapia ou dias de saúde mental ajudará os funcionários a serem mais equilibrados nas comunicações.
As soluções de trabalho remoto da Mitel, ajudam os colaboradores e diretores a estabelecerem formas abertas de comunicação em todos os canais. Contacte os nossos consultores especializados para saber como criar ligações substanciais e saudáveis na sua equipa.